quarta-feira, 31 de março de 2010
Canto I
Pra quem não viu, trata-se de droga pesada: minha tentativa vergonhosa de parodiar a Ilíada.
Critique ou não; a única certeza é que eu me divirto.
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CANTO I – A Peste e a Ira
Deus, dê-me forças pra conseguir contar o grande chilique que teve Aquiles, por conta do qual um monte de gente morreu, perdeu braço, perna, prega, enfim, foi uma merda só.
Perto do acampamento dos gregos, Crises vem falar com Agamémnone.
CRISES: Ó só, Agá, tô cagando se vocês destroem Tróia, alopram geral... levar minha filha é sacanagem, pô, sou sacerdote, pô, isso, isso num se faz não, fião. Devolve ela aí.
AGAMÉMNONE: Agá, quem cê tá chamando de Agá, isso é maneira de você falar? Você é sacerdote de Apolo?
CRISES: Sou, claro.
AGAMÉMNONE: Mas num parece, eu tô aqui tentando dirigir um exército.
CRISES: Ó só, Agá, tu fica esperto, hein? Tu fica na tua. Senão vou chamar o Apolo, aí o bicho vai pegar pra tu. Favor respeito.
AGAMÉMNONE: Respeito de cu é rola, seu véio. O meu negócio agora vai ser papar tua filhinha dia e noite até ela morrer velhinha lá em casa, e sai daqui se não quiser levar uns pipoco!
CRISES: Er...
Crises vai rezar pra Febo Apolo.
CRISES: Aí Apólou, Apólo! Sacanagem aí, o maluco te desafiou, hein, falou que tua mãe tem cabelo no dedo do pé! Desafiou que eu vi!
Apolo pega o arco e flecha e faz chover praga pra cima dos gregos por 9 dias. Todo mundo se fode. Aquiles fica boladasso e chama a galera.
AQUILES: Galera, tô boladasso, assim não dá. Vamo consultar um adivinho, um pai de santo, qualquer coisa aí porque parece que rogaram uma praga pra cima da gente.
Levanta-se Calcante, que vaticina, joga cartas, búzios e traz a pessoa amada em 3 dias, satisfação garantida ou seu boi de volta.
CALCANTE: Olha, eu falo, eu falo, mas me garante aí, Aquiles, que vai ter gente, que eu não vou dizer o nome ainda não, mas vai ter gente, que vai ficar putinho comigo.
AQUILES: Tem treta não, mermão, tá comigo, tá com Zeus.
CALCANTE: Foi o Agamémnone, foi ele quem começou sim, que eu vi! O Crises veio aí...
AQUILES: O Cruzes?
CALCANTE: Crises.
AQUILES: Que nome de gibi da DC.
CALCANTE: Então, ele veio pedir a filha de volta, a Criseide, e o Agamémnone mandou ele sair varado se não quisesse levar uns pipoco. A gente devolve ela que Apolo vai parar na hora, pode confiar.
AGAMEMNÓNE: Seu bruxo de merda, seu filho duma puta, safado, sem vergonha! Eu nunca fui com a tua cara! Vai querer que só eu largue da minha? Sacanagem!
AQUILES: Coé, pão-duro, tu já é cheio da bufunfa... segura tua onda, quando a gente passar os troianos, vai sobrar mulézinha pra ti, patrão.
AGAMÉMNONE: É o caralho! Eu vou querer uma escrava aí, tenho um vale-escrava!
AQUILES: Mas que filho da puta olha aí veja você! E querem que a gente siga ordens desse escroto? Todo mundo se fode, mas beleza, tá tranqüilo. Agora tu ainda por cima vai querer levar escrava dos outros? Aí não!
AGAMÉMNONE: Tá se engraçando pra cima de mim? Ah, não, agora vou levar é a tua escrava, a Briseide, aquela gostosinha, só pra tua aprender quem manda nessa bagaça.
AQUILES: CUMÉQUIÉ CUMPÁDI?!
Atena desce do céu para falar com Aquiles antes que ele saque a espada e saia fazendo merda.
ATENA: Pô, Aquiles, pega leve aí, que a tua hora vai chegar. Se quiser xingar, xinga, mas num toca o rebu, não.
AQUILES: Er... tá.
Atena vai embora.
AQUILES: Filho da puta cretino!
Nestor se levanta.
NESTOR: Pô, gente, vamos ser da paz!...
AGAMÉMNONE: Paz! Cala essa boca!
AQUILES: Quer levar a mulézinha, leva, mas depois agüenta as conseqüênciassssss.
Aquiles tem um chilique, joga o cetro no chão e sai. Agmémnone manda levarem Criseide para o pai, e depois apanharem Briseide na tenda de Aquiles.
PÁTROCLO: Santo roubo de escravos, Aquiles! São os emissários de Agmémnone!
AQUILES: Acompanhe os moços, menino-prodígio. Você tem muito que aprender com eles.
PÁTROCLO: Ui!
Pátroclo vai com eles. Aquiles vai até a praia e começa a choramingar.
AQUILES: MANHÊEEEE!
Chega Tétis.
TÉTIS: Que foi, filhinho?
AQUILES: O Aga, Aga, chuif, chuif, o Agamémnone! Ele, ele levou a minha escravinha! UÁAAAAAA!
TÉTIS: Oh, pobrezinho, vem aqui com a mamãe, vem. Agora fica bem calminho, tá? Que a mamãe vai lá falar com titio Zeus, e vai consertar tudinho pra você, tá bom? Agora toma um pirulito.
AQUILES: Êeeeeeee!
Odisseu chega com Criseide até Crises.
ODISSEU: Tô na área. Tua filha aí, ó.
CRISES: Opa! Aí, Apolo! Suspende a praga!
Apolo suspende a praga. Tétis vai até Zeus.
ZEUS: Chega mais, minha gostosa!
TÉTIS: Ai, Zeusinho, querido... sabe o que eu queria meeeesmo? Que os Troianos dessem umas porradas nos gregos, pro Agmémnone deixar de ser besta.
ZEUS: Iiih...
TÉTIS: Ai, deixa, vai, deixa, vai, diz que sim, diz que sim, diz que sim, vai, siiiiiiiim?
ZEUS: Tá, mas fica no sapato senão a Hera vai me encher a paciência.
Tétis vai embora. Zeus vai encontrar os outros deuses, e Hera desconfia.
HERA: Zeus Crônica Potente Que as Nuvens Cumula da Conceição Tavares! Que perfume barato é esse?!
ZEUS: Er...
HERA: Eu sabia! É da Tétis, aquela sirigaita! Aquela piranha!
ZEUS: Er...
HERA: Você andou se engraçando com ela? Ela pediu pros troianos ganharem, não foi? Hein?
ZEUS: Ah, cala a boca e não enche o saco, porra! Quer apanhar?
HERA: ...
Hefesto chega com uma taça de vinho.
HEFESTO: Pô mãe, fica assim não, bebe aqui um vinhozinho.
HERA: ... tá.
Hera bebe. Os outros deuses todos bebem. Apolo faz um mega-solo de lira, rola uma fuleiragem desgraçada e todo mundo toma um porre. Acordam numa boa, que deus não tem ressaca.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Leis de Gerson
Capítulo I: Parte Geral
Art. 1°: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também."
Art. 2°: A Lei de Gerson é a única e verdadeira lei, estando todas as demais a ela subordinadas.
Capítulo II: Parte Específica
DAS FILAS
Art. 3°: Todas as espécies de filas foram feitas para serem furadas.
Par. Único: No trânsito, buscar sempre a fila mais rápida, ignorando tanto a Lei de Murphy (a dos outros é sempre mais rápida), quanto a Lei de Newton (dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo), conforme o art. 2° desta.
DO COUNTER-STRIKE
Art. 4°: O negócio é matar e o time que se foda.
§1°: O vencedor da partida é aquele que marca mais pontos individualmente.
§2°: Quem mata mais tem direito, assegurado por esta lei, de esculachar todos os participantes inferiores.
Art. 5°: Camperagem não é problema, é solução.
DO STREET FIGHTER
art. 6°: Se a apelação não está funcionando, você não está usando o suficiente.
art. 7°: Novatos e jogadores de menor idade são uma grande maneira de poupar o seu gasto com fichas.
DO TRÂNSITO
art. 8°: O limite de velocidade é, na realidade, o dobro do que está escrito nas placas.
art. 9°: O acostamento existe para ser usado. Por você, num engarrafamento, enquanto todos os outros ficam parados.
§1°: Em ruas de mão dupla, a contra-mão substitui a função do acostamento.
§2°: Em caso de batida, a responsabilidade recai toda sobre o filho da puta que não desviou de você a tempo.
art. 10°: O indivíduo que demorar mais de uma fração de segundo para reagir a um sinal verde deve ser punido por uma série de usos de sua buzina.
DA CONFLITO DE OPINIÕES
art. 11: Você está sempre certo.
I. Quem disser o contrário, está errado.
II. Discutir a respeito é perda de tempo.
III. Se o outro lado recusar-se a ouvir a verdade, force-o.
terça-feira, 9 de março de 2010
Serviço de Informação Pública - Pulseiras do Sexo
- Já me surpreende que os britânicos percam tempo com o The Sun, fonte deste artigo e do boato; por que nós, brasileiros, perderíamos? Porque nossa mídia é tão ruim, mas tão ruim, e tão puxa-saco dos gringos, que promoveu a notícia sem nem verificar - algo no qual, aliás, o próprio The Sun é mestre. Mas tenham certeza: o The Sun é merda embalada em papel jornal, e suas principais preocupações continuam sendo apoiar as guerras americanas (Iraque, Afeganistão, etc.), alimentar o ódio aos imigrantes na Europa e, principalmente, encher o bolso do Rupert Murdoch.
- Esta não é a primeira aparição dos boatos, ou de uma brincadeira do gênero. Estas pulseiras são do tempo da Hebe Camargo virgem, só o boato sobre seu significado sexual é recente. Mas em geral, em todos os lugares que pesquisei, nenhum dos adolescentes entrevistados levava a suposta brincadeira a sério. Todas as atitudes oficiais, de governos ou de escolas, foram muito mais por conta da histeria coletiva gerada pela corrente do que por qualquer outra coisa. Tudo leva a crer que não passa de um grande hoax, lenda urbana, no nível do boato de que os hamburguers do McDonald's eram carne de minhocoçú, de que lindas mulheres te dando mole podiam estar atrás de seu fígado, ou de que o mendigo do aterro do flamengo injeta aids em quem deixa a janela aberta. Além disso...
- Pelamordedeus, quem nunca jogou salada mista? Verdade ou consequência? Brincadeiras sexuais entre adolescentes sempre existiram, e sempre contiveram a ideia de forçar o outro a fazer isto ou aquilo. E nunca vimos ninguém fazer nelas algo que já não quizesse fazer de todo rumo; é porque são brincadeiras, são feitas para quebrar o gelo, permitir que se expresse os desejos e se brinque com eles, e não uma lei secreta de um grupo de adolescentes malvados que tomaram a escola e querem corromper seus lindos filhinhos.
- Naturalmente, se houvesse mesmo essa brincadeira (e, repito, não vi nenhuma evidência primária, convincente, disto), o único efeito da proibição delas é levar os pobres ambulantes que as vendem à falência. Sempre se pode inventar uma nova brincadeira usando tampas de caneta, latas de refrigerantes, ou absolutamente nada, já que o equipamento básico necessário vem de fábrica.
- Pra terminar, isto não quer dizer que a sexualização crescente da mídia, e a exposição cada vez maior de crianças e adolescentes a ela, não sejam preocupantes - são. Mas isto se resolve com uma educação sexualmente responsável (que, é evidente, começa em casa), com manifestações contrárias ao sensacionalismo na imprensa e nas mídias e geral, e com um uso mais criterioso das mídias acessíveis a nós, em especial a internet.
Por isso: pesquisem antes de repassar!
terça-feira, 2 de março de 2010
BBB = Armação ilimitada?
Mas o programa de hoje me deu oportunidade de ver com mais exatidão duas coisas que já vinha dizendo/pensando há algum tempo; sobre uma já escrevi no último post e acrescentarei pouco, sobre a outra, ainda não, e pretendo elaborar mais.
Primeiramente quero observar como os últimos dois paredões desta edição do programa ilustraram melhor ainda a questão do "verdadeiro eu", mais até do que o exemplo que dei anteriormente. Nas duas vezes, quase todos os participantes preocuparam-se muito em mostrar, principalmente dentro do "confessionário" e fora dele, que eram genuínos, que eram, enfim, "eles mesmos". Já falei bastante porque isto é absurdo e impossível; resta tentar saber porque é desejável, e a resposta vai nos jogando logo para a segunda coisa sobre a qual quero falar: ser "eles mesmos" é importante porque "significa" (não significa, mas parece significar, o que, nessa situação, dá no mesmo) ser sincero. E ser sincero, por sua vez, é importante porque, por um lado, é uma característica apreciada, moralmente falando, e o critério para o voto do público passa, em boa parte, por uma avaliação (tosca) de caráter dos participantes; por outro, porque convence o público da genuinidade do próprio programa, a partir de uma alegada não-conivência do participante com qualquer espécie de roteiro-armação.
Isto é na verdade o desdobramento natural do problema do "verdadeiro eu", lançado agora sobre o produto inteiro. Se o programa não é, ele mesmo, genuíno, não pode mostrar nada de genuíno, e genuinidade é o que ele vende; se há armação, não há "reality" - e é sobre isto que quero falar agora. Afinal, BBB é ou não é armado?
A maneira como geralmente esta questão é inicialmente abordada é típica de criança que caiu num truque de mágica bobo e está tentando entender como a moeda poderia ter saído de sua orelha. Fala-se em roteiros e papéis previamente distribuídos, em ordens vindas da produção durante a estadia na casa, e semelhantes. Orgulhosamente, a rede globo disponibiliza o pay-per-view como quem diz "vamos, pode olhar a cartola, a pomba não está escondida aqui dentro" (mas cobrando um extra pela inspeção), e há muita gente que, após, fica convencida de que a mágica é real quando, como de costume, o truque é bem mais evidente do que se imaginou.
No caso, há principalmente dois truques. Um já apontei, mas não custa repetir: o programa é uma armação pela sua própria premissa. É genuíno apenas de forma semelhante a um labirinto de camundongos. Seus participantes são lá postos numa situação extraordinária, na qual são obrigados a assumir um determinado papel e se dispõem, todos, ao mesmo objetivo. E o roteiro do tipo resta-um é explicado inteirinho pelas regras do jogo, a cada semana sendo repetidas as mesmas etapas, com ligeiras variações, até a determinação do vencedor. Todos sabemos desde o começo o tipo de relação que se estabelecerá entre os participantes, e todos sabemos mais ou menos o que vai acontecer, e inclusive sabemos que, no final, um deles ganhará. Só a conjuntura é que muda a cada edição, com uma ou outra surpresas, e com atores diferentes preenchendo os papéis; papéis que, por sua própria natureza, não podem nunca diferir demais um do outro, nem de uma edição para a outra. Parecido com o que ocorre com filmes de ação, comédias românticas, ou - você adivinhou - novelas. Claro, mesmo com o público sabendo que, no final, a mocinha fica com o mocinho, que o herói derrota o vilão, etc., estes gêneros não deixam de ser populares, e o mesmo vale para o reality, que conta com o privilégio de deixar o público escolher quem são os mocinhos. Mas não quero debater o papel da surpresa e da estrutura na narrativa, o que, novamente, seria muita areia para este caminhãozinho.
Voltemos à frase anterior: o público escolhe o vencedor. Escolhe mesmo? Supondo que não haja nenhum tipo de fraude nas eleições do show (e quero deixar bem claro que, embora eu não ache que haja, inclusive pelo que estou prestes a expor, não há nada que o prove com certeza), baseado em que esta escolha é feita? Claro, nas opiniões do público. Mas estas, por sua vez, são formadas pelo que o público vê. E o público vê através das câmeras de televisão, postas lá pela produção, e que mostram, a cada momento, segundo o que é decidido pela produção.
Não há, certamente, nada mais evidente que isto, o que torna o truque ainda mais fabuloso. Acredita-se que o que se vê é genuíno mesmo quando se está assistindo a um programa de tv, gravado num estúdio de tv, num cenário montado pela tv, segundo regras estabelecidas pela tv, com uma programação criada pela tv, e mostrada na tv após uma edição meticulosa! Haveria realidade mais fabricada que esta?
Nem adianta argumentar que a farsa não resiste ao pay-per-view, como se ele não fosse parte do circo - afinal, às gravações de quem você pensa que está assistindo? Quem está escolhendo qual câmera passar, qual microfone ativar...? Claro, o filtro é menor, mas somemos a isto o fato de que ninguém pode acompanhar absolutamente todo o pay-per-view, sob pena de perder a vida (e não só metaforicamente, se levarmos a coisa ao limite), e de que, em nosso país tremendamente desigual, pouquíssimos têm os recursos e a disposição para participar tão ativamente de mais um instrumento de concentração de renda. Resumindo, mais até do que na das câmeras, e muito mais do que na do povo votante, o resultado do BBB está mesmo é na mão da edição, que escolhe meticulosamente o que mostrar, e em qual embalagem mostrar.
E, aliás, que edição! Ela é, disparada, a melhor coisa do programa, a única coisa que o torna tolerável. Assistir às edições do BBB, em especial as de terça, é como ver uma série de trailers ótimos apresentando filmes horríveis, e é admirável o trabalho que conseguem com este roteiro insosso e seu elenco fraco. Também é ótimo porque fica muito evidente que é ela, a edição, que compõe o grosso da direção: ela enquadra cada ator em seu personagem, inclusive designando-lhe por nomes e estereótipos, apresentando e conduzindo cada situação por eles protagonizada.
Se o leitor tem algum problema grave de memória e esqueceu de episódios icônicos como o debate presidencial de 89 entre Collor e Lula, talvez duvide da enorme influência de uma edição tendenciosa na opinião pública. Então peguemos o exemplo mais recente do programa de hoje. Cláudia foi eliminada com maioria esmagadora de votos. Na saída, o apresentador, Bial, a recepcionou pedindo que entendesse o que "nós vimos daqui": seu "namorado", Eliéser, chamando outra participante, Lia, para o paredão, e depois "deixando" que ela, Cláudia, fosse em seu lugar, com a conivência desta. Por esta "covardia", ela foi punida.
Você, que assistiu ao mesmo programa que eu, diga: quantas vezes este aspecto da decisão de Cláudia foi enfatizada pela edição? Dourado, que apontou a "covardia", a repetiu em inúmeras conversas; pelo menos três, se não me falha a memória, foram mostradas. Os acusados responderam algo? Sinceramente, é até difícil lembrar; basicamente não foi mostrado. Acho que em dado momento a edição mostrou Cláudia dizer que, além de ser uma escolha óbvia proteger alguém de quem se gosta (e não é?), ela nem tinha alternativas, já que os outros dois participantes próximos a ela (Dicésar e Michel) já estavam imunes. Rigorosamente falando, o que ela fez de errado? E quem decidiu dar destaque às opiniões que expunham seus atos como errados?
Isto é só um exemplo. O ódio ao eliminado geralmente começa cedo, e dele participa todo o circo armado pela produção, que vai para muito além dela, passando por toda a grade da emissora, a grande mídia impressa, e webmídias; mas todas passam, necessariamente, pela mediação das lentes da casa e da edição de suas imagens, e ela é - como poderia deixar de ser? - tremendamente parcial. Com outros assuntos, podemos sempre ter outras fontes para formar nossas opiniões; com o reality show, a armação é só o começo, e o espectador aceita sempre, implicitamente, ter seu juízo conduzido.
OBS: duro é depois disso ver o jornal acusando este ou aquele candidato de demagogo. Não que não sejam, mas tem mais demagogia nesse mundo do que Big Brother Brasil?