terça-feira, 9 de março de 2010

Serviço de Informação Pública - Pulseiras do Sexo

Como costumo fazer com todas as correntes de internet que recebo, e como todo mundo devia fazer antes de repassar, fui pesquisar a respeito; e desta vez, foi difícil. O rumor pegou tão forte que a grande mídia comprou e, no fim das contas, até as escolas e os municípios tomaram atitudes contrárias às tais pulseiras. Então, primeira coisa:

- Já me surpreende que os britânicos percam tempo com o The Sun, fonte deste artigo e do boato; por que nós, brasileiros, perderíamos? Porque nossa mídia é tão ruim, mas tão ruim, e tão puxa-saco dos gringos, que promoveu a notícia sem nem verificar - algo no qual, aliás, o próprio The Sun é mestre. Mas tenham certeza: o The Sun é merda embalada em papel jornal, e suas principais preocupações continuam sendo apoiar as guerras americanas (Iraque, Afeganistão, etc.), alimentar o ódio aos imigrantes na Europa e, principalmente, encher o bolso do Rupert Murdoch.

- Esta não é a primeira aparição dos boatos, ou de uma brincadeira do gênero. Estas pulseiras são do tempo da Hebe Camargo virgem, só o boato sobre seu significado sexual é recente. Mas em geral, em todos os lugares que pesquisei, nenhum dos adolescentes entrevistados levava a suposta brincadeira a sério. Todas as atitudes oficiais, de governos ou de escolas, foram muito mais por conta da histeria coletiva gerada pela corrente do que por qualquer outra coisa. Tudo leva a crer que não passa de um grande hoax, lenda urbana, no nível do boato de que os hamburguers do McDonald's eram carne de minhocoçú, de que lindas mulheres te dando mole podiam estar atrás de seu fígado, ou de que o mendigo do aterro do flamengo injeta aids em quem deixa a janela aberta. Além disso...

- Pelamordedeus, quem nunca jogou salada mista? Verdade ou consequência? Brincadeiras sexuais entre adolescentes sempre existiram, e sempre contiveram a ideia de forçar o outro a fazer isto ou aquilo. E nunca vimos ninguém fazer nelas algo que já não quizesse fazer de todo rumo; é porque são brincadeiras, são feitas para quebrar o gelo, permitir que se expresse os desejos e se brinque com eles, e não uma lei secreta de um grupo de adolescentes malvados que tomaram a escola e querem corromper seus lindos filhinhos.

- Naturalmente, se houvesse mesmo essa brincadeira (e, repito, não vi nenhuma evidência primária, convincente, disto), o único efeito da proibição delas é levar os pobres ambulantes que as vendem à falência. Sempre se pode inventar uma nova brincadeira usando tampas de caneta, latas de refrigerantes, ou absolutamente nada, já que o equipamento básico necessário vem de fábrica.

- Pra terminar, isto não quer dizer que a sexualização crescente da mídia, e a exposição cada vez maior de crianças e adolescentes a ela, não sejam preocupantes - são. Mas isto se resolve com uma educação sexualmente responsável (que, é evidente, começa em casa), com manifestações contrárias ao sensacionalismo na imprensa e nas mídias e geral, e com um uso mais criterioso das mídias acessíveis a nós, em especial a internet.

Por isso: pesquisem antes de repassar!

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