Mas, dirá você, "para compreender e fazer uso das leis, é necessário um grande arcabouço de conhecimento, o jurista deve conhecer a sociedade, a história, a economia; deve saber argumentar, escrever bem e possuir uma boa base de conhecimentos gerais". Eu não podia estar mais de acordo! E prepare-se para buscar essa base em outro lugar, porque ela passa longe, muito longe da faculdade de Direito. Claro, você vai ter aula de Sociologia (do Direito), História (do Direito), Economia (do Direito) - no primeiro ano da faculdade. E outras coisas que também podem ser mais bacanas, como Filosofia do Direito, "Ciência" Política ou até, se der sorte, Antropologia; além de aberraçõezinhas como Teoria Geral do Estado - uma mistura de nada com porra nenhuma que basicamente diz que o Estado é como é porque é assim que ele é, entre outros argumentos maravilhosos que vão fazer você marcar seu rosto na carteira de madeira de tanto dormir.
Depois? Depois adeus História do Direito, Filosofia do Direito, Sociologia do Direito, pois serão mais 4 anos apenas com o próprio Direito e seus inúmeros filhotes, aos quais você fatalmente aprenderá a amar ou odiar: Direito Civil, Constitucional, Penal, Trabalhista, Internacional, Administrativo, Comercial, Tributário... e Processo Civil. Principalmente Processo Civil. Você logo descobrirá que ele é a base de todos os outros direitos processuais, e que, no fundo, e aí é que está todo o mistério da coisa, pra exercer a profissão, basicamente nada mais interessa: para ser um bom advogado, juiz, promotor ou consultor, a base de tudo não é retórica (que, a propósito, NÃO é matéria da faculdade), não é cultura geral, não é bom senso, nem muito menos - imagine só se seria - ética; é processo civil.
E aí prepare-se, porque você vai passar muito tempo falando sobre, estudando, usando processo civil. Quando começar a estagiar, vai piorar mais ainda, porque não só a teoria, mas a prática processual vai inundar a sua vida, e o processo civil será seu companheiro o dia inteiro. Você estará com ele de manhã, de tarde e de noite; lerá Processo Civil, falará Processo Civil, respirará Processo Civil e, se marcar bobeira, beberá, comerá e cagará Processo Civil. Quando perceber, estará enxergando as coisas em linguagem processual, no melhor estilo Matrix, até chegar um momento em que você estará seriamente pensando em se jogar do andar mais alto da faculdade com uma corda amarrada no pescoço, enquanto toma um litro de veneno e atira na própria testa com uma bomba ativada presa no peito só pra garantir que nunca mais vai ouvir falar dessa merda - aí é porque ainda faltam dois semestres. E acredite, a não ser que você seja uma destas estranhas criaturas que realmente, de verdade mesmo, adora processo civil e quer ser o Theotonio Negrão quando crescer, você vai chegar nesse ponto - por que é muito, muito, muito chato pra caralho de verdade mesmo.
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Ah, se tem mais...
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