Já faz um tempinho que cursei a faculdade de Direito, e a forma como as opiniões acerca dela se mantiveram só não é tão decepcionante quanto o próprio curso foi pra mim.
"Ah, um recalcadinho!", dirá você; pode apostar seus honorários advocatícios que sou. Afinal, se tivesse adorado minha faculdade, provavelmente eu não estaria aqui criticando-a de forma odiosa; mas faça-se disto algo bom: não foi dito que o ódio ajuda a distanciarmo-nos o suficiente das coisas para realmente compreendê-las? Ainda assim, este ensaio é puramente parcial, e se eu achasse que pudesse escrever algo realmente bom, que demonstrasse de maneira razoável e convincente a quase absoluta perda de tempo que me parece um curso de Direito, já o estaria fazendo - então mais uma vez, faça o favor de não levar o blog a sério.
Não quer dizer que eu não pense estar avisando coisas importantes aos desavisados. Que seria da brincadeira sem o fundo de verdade? E há algumas verdades a serem ditas sobre a faculdade de Direito.
Talvez a mais importante coisa a se dizer é sobre a abrangência do curso. Você certamente já ouviu falar que Direito é um curso bom porque "dá uma formação abrangente", o que é explicado em boa parte por ser também uma faculdade tradicional, mesmo a mais tradicional entre os da área de "humanas" (diferentes da área de "desumanas", que engloba disciplinas com uma cadeira de "cálculo").
Há verdade e mentira nisto. Verdade porque vivemos em sociedade, e toda sociedade tem regras, implícitas ou explícitas, logo o Direito tem interfaces com todas as disciplinas, já que todas são praticadas por seres humanos em sociedade. Bela merda: o mesmo pode ser dito exatamente do mesmo jeito de qualquer uma das ciências sociais, e de jeitos diferentes de quase qualquer um dos cursos clássicos.
Já a mentira é porque, apesar de todas estas interfaces interessantíssimas com outras disciplinas, em um curso de Direito você não estudará quase nada delas. Já me foi dito que, no passado, a faculdade oferecia uma formação geral, abrangente, sendo basicamente uma fonte jorrante de cultura, e que só agora vem se tornando tecnicista, abandonando a busca pelo conhecimento genuíno para outros cursos. Mas também já me foi dito que nunca fizeram universidades como as da Atlântida ou que nunca houve um governante como o Rei Arthur, e francamente me parecem todos descendentes do mesmo tipo de telefone-sem-fio. Ou pior ainda, parece o esforço inconsciente e certeiro de juristas ainda mais recalcados que eu tentando refazer o passado e pintando a imagem de grande humanista naquilo que foi, sempre, super-específico, tecnicista, umbiguista e, acima de tudo, chato pra caralho.
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Só estou começando...
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